quinta-feira, julho 10, 2008

Prende e solta

Eu acho que a Polícia Federal deveria, antes de realizar tantas prisões nestas famosas e bem nomeadas operações contra a corrupção, consultar os ministros do Supremo Tribunal Federal para saber quanto tempo os presos vão ficar na cadeia. Porque, se for para eles ficarem presos um dia só, então seria melhor nem prender. A gente acompanha o noticiário e fica com cara de palhaço. Os federais realizam umas prisões cinematográficas, cheias de pompas, truculência e exibicionismo - um espetáculo, creio eu, forjado para nos transmitir a falsa sensação de que está sendo feito algum tipo de justiça neste país. Mas, como todo espetáculo sem conteúdo e seriedade, ele não se sustenta em pé por muito tempo.

Depois das prisões, os jornais trazem páginas e páginas com o histórico das operações fraudulentas praticadas por estes grandes banqueiros e megainvestidores. A gente lê todas aquelas páginas, todos aqueles gráficos, presta atenção no noticiário da televisão, ouve os comentaristas econômicos e, no fim do dia, finalmente concorda que o lugar deles parece ser mesmo o xilindró. Afinal, tivemos acesso a telefonemas grampeados, a práticas de suborno, a documentos que comprovam o envio de divisas para ilhas fiscais, a testemunhas compradas e tudo mais. Quando finalmente estamos convencidos de que as prisões foram justificadas, vem um ministro do Supremo e manda soltar todo mundo.

Não entendo nada de direito, nem de administração pública e nem de negociatas. Só estou procurando usar o bom-senso: se vai soltar mesmo amanhã, por que prender hoje? De novela e filminhos de ação de Hollywood a tevê já está cheia e a gente não precisa ter esta sensação estranha de que a justiça, para os ricos, dura apenas 24 horas neste país.

4 comentários:

Anônimo disse...

O triste Sergio é que a gente paga a conta de todo este circo.E como são bem pagos. E não há que se ter entendimento jurídico ou político não, porque é uma questão de poder, meu caro e vai muito além do mundo jurídico. Uma encenação perfeita, profissional. Pago pra ver se algum deles vai continuar preso.Na quarta fui à feira, coisa que não faço há muito tempo, e fiquei ouvindo os comentários das pessoas ali, pessoas simples, sem entendimento jurídico ou político, mas que sabem muito bem do que estão falando, e a conclusão de todas elas era no sentido da impunidade que toma conta deste País. O que mais esperar? beijos Rachel Rocha

Anônimo disse...

Pergunta besta: seu nome se pronuncia Róveri ou Rovéri?

Só no blog disse...

Oi, RAchel, muito obrigado pela visita e pelos comentários sempre oportunos e muito bem vindos. Beijo grande.

A pronúncia correta do meu nome é Rovéri, mas todo mundo me chama de Róveri. Eu também gosto mais de Róveri.

Anônimo disse...

Eles podem até usar Black-tie mas não vendem Habeas-Corpus!


E o Presidente do Supremo Tribunal Federal concede o habeas-corpus a Daniel Dantas, Naji Nahas, Celso Pitta e Cia.

Ontem a noite eu não conseguia dormir, então comecei a tentar traçar um paralelo entre este ocorrido e o reality show "Big Brother Brasil". As pessoas em geral criticam acidamente esse besteirol chamado BBB por conta de todo empobrecimento cultural e intelectual que é proporcionado diariamente durante três meses anualmente aos quase duzentos milhões de brasileiros durante o horário nobre da Tv.

Muitos atores profissionais revoltam-se com a fama fácil e os atalhos ligeiros que levam essas moças e rapazes diretamente para os palcos mais concorridos do país, as novelas da Rede Globo de Televisão.

Eu desconheço a vida pregressa dos brothers e sisters mas sei que alguns deles, ainda que poucos, estabeleceram-se em definitivo na Tv e algumas como atrizes competentes.

Sei que a investigação que levou nossas outras celebridades do mundo das finanças para as celas da Polícia Federal na Zona Oeste de São Paulo demorou quatro longos anos.

A crítica de muitos atores sobre os atalhos ligeiros me parece que é a velha e a sempre cotidiana inveja que acompanha a humanidade desde seus primórdios. Para mim os competentes se estabelecem e isso se dá porque assimilaram a linguagem televisiva e ponto final. Já vi atores de teatro ficarem irritados pra valer com os recursos que atores de tevê lançam mão e isso me parece exclusivamente dor de cotovelo. Um jogador de futebol que consegue se projetar como um grande valor independe de passar pelas diversas divisões de um grande clube de futebol. Na verdade a única credencial que precisa é talento e isso é inato e aprimorado com a prática. No final das contas, são ambos artistas.

Já os nossos players das finanças e da vida pública dotados de especial inteligência e desmedida ambição dão vida a esse outro reality show que permeam não apenas três meses mas nosso ano por inteiro: "Corruptor, Corrompido e Caráter", nosso CCC diário
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