quinta-feira, outubro 29, 2009

Almofadas


Antes que alguém pense que este blog está se tornando especialista em histórias de faxineiras e diaristas, já vou adiantando que não é o caso. No último post, falei sobre a vocação para a felicidade da Maria, diarista de um grande amigo. Hoje eu iria falar sobre um episódio desagradável envolvendo o twitter – do qual talvez eu tenha me afastado até segunda ordem – mas um pequeno diálogo ocorrido de manhã, aqui em casa, me fez mudar de ideia. Vou falar sobre a Malu, a diarista que me foi recomendada há cerca de três meses. E que, por sinal, é ótima.

Sei muito pouco sobre ela – como em geral sabemos pouco sobre as pessoas que trabalham ao nosso redor. Ela diz ser cozinheira diplomada, especialista em comidas baianas e drinques eróticos. Esta informação já rendeu várias piadas entre meus amigos, mas juro que são habilidades que ela alega possuir. Malu trabalha cantando o dia inteiro. Liga o rádio assim que chega, em uma emissora que só toca hits. Ela acompanha cada uma das músicas, sejam elas em português, inglês ou mesmo italiano. Não entendo direito o que ela canta, mas acho que é sempre bom ter alguém cantarolando dentro de casa. Eu mesmo já fiz muito isso, hoje ando muito mais calado.

Malu adora meus dois gatos, o Pirulito e a Ritinha, e fico muito constrangido em constatar que este amor não é recíproco. Logo que ela abre a porta, nas manhãs de quinta-feira, o Pirulito se esconde debaixo dos cobertores e a Ritinha pula em cima do armário da cozinha – às vezes ele pula junto, mas é raro (como no caso da foto no alto da página). Só voltam a circular pela casa quando ela vai embora. Eu já expliquei a Malu que eles resistem aos afagos dela porque é ela quem liga o aspirador aqui em casa – e um bicho que dorme 18 horas por dia odeia quem faça barulho por perto.

Isso era tudo que eu sabia sobre a Malu até hoje de manhã, quando ela foi tirar o pó dos sofás. Enquanto batia as almofadas, ela me disse: “Seu Sérgio, o senhor precisa comprar uma nova capa para estas almofadas”. Concordei com ela, dizendo que precisava mesmo, porque as almofadas estavam velhas. “O problema não é que elas são velhas”, Malu respondeu. “Tem muita coisa velha que é bonita. O problema é que elas são feias demais, Deus me livre”. Olhei para ela sem nenhuma resposta pronta, tomei banho e saí para trabalhar.

Não pensem que fiquei chateado com a observação da Malu. Ao contrário, eu adorei. Nem tanto pelo motivo da observação, e sim pela sinceridade com que ela se referiu às minhas velhas almofadas, que talvez sejam feias mesmo. Em seu lugar, eu teria feito mil rodeios, teria dito que talvez fosse elegante substituir as capas das almofadas de vez em quando, que a sala poderia ficar mais alegre, enfim, eu jamais diria que as almofadas de alguém são feias, ainda que fosse isso o que eu estivesse pensando. Confesso que senti uma inveja danada da Malu ao pensar em todas as ocasiões em que eu não fui capaz de dizer não, em que dourei a pílula, em que engoli em seco algo que deveria ter colocado para fora, todas as vezes em que, em nome de uma certa polidez, a gente acaba fazendo papel de bobo. Ninguém aprende a ser tão sincero e direto de uma hora para outra nesta vida, mas se a Malu continuar em casa por mais algum tempo, é bem capaz de eu criar coragem para começar a falar de todas as almofadas velhas e feias que cruzam o nosso caminho...

quinta-feira, outubro 22, 2009

A felicidade de Maria

A faxineira de um amigo é uma mulher negra e solitária. Nunca se casou. Vive em dois cômodos pequenos em Franco da Rocha, município da Grande São Paulo que só é citado na imprensa por seus índices de violência. Para vir trabalhar, no bairro das Perdizes, toma um trem de subúrbio e depois mais dois ônibus. Calculo que, num dia tranqüilo, ela deva gastar duas horas para vir ao trabalho e talvez um pouco mais para voltar para casa, na hora do rush.

Com todas estas credenciais, um dia ela chegou para este amigo e perguntou: “Seu Gustavo, é verdade que tem gente que não é feliz? Eu não entendo isso, como é que alguém pode não ser feliz nesta vida?”

Mais do que em definições filosóficas ou conceitos psicanalíticos, é nesta pequena história que eu penso sempre quando a palavra felicidade – e sua presença ou ausência em nossas vidas – me vem à mente. Maria, se não me engano é este o nome dela, concentra quase todas as particularidades que definem grande parte do trabalhador brasileiro: vive longe do emprego, tem uma remuneração baixa, só entra nos bairros da classe média pelas portas dos fundos e provavelmente sonha em algum dia ter uma casa igual àquela que ela limpa. E como é que Maria responde a tudo isso? Sendo feliz.

Quando me lembro desta história – e me lembro muito dela – imediatamente penso em tudo aquilo que parece ser necessário à nossa felicidade. Um amor, algum dinheiro, a possibilidade das compras, conforto, bem-estar, realização profissional, uma viagem no horizonte, horas dedicadas à leitura e ao lazer, cuidados com o corpo, bons amigos, um doce far-niente e a certeza de que estamos seguros quando passamos a chave na porta. Examino todos estes itens e penso que a maioria deles seja estranha a Maria. Ou desnecessária. Não a conheço, mas desconfio de que sua felicidade dependa apenas de sua capacidade de trabalhar e se manter, de seu otimismo em relação ao mundo e do fato inquestionável de estar viva.

Aos nossos olhos, não digo aos nossos olhos de classe média, mas aos nossos olhos que em algum momento de nossas vidas se tornaram tão insatisfeitos, tudo que faz Maria feliz nos parece tão pouco e, assumamos, quase desprezível diante da nossa imensa sede que não se sacia com quase nada daquilo que temos.

Acho que Maria sim é um livro de auto-ajuda, sem chavões, sem conselhos bobos e sem moralismos a preencher páginas inúteis. Mas algo me diz que sua receita não se ensina.

terça-feira, outubro 13, 2009

O tempo das incertezas

Quando eu tinha entre 12 e 13 anos comecei – como a maioria dos adolescentes, acredito – a ser incomodado por uma série de questões para as quais não encontrava uma resposta satisfatória. Talvez eu pensasse, naquela época e com outras palavras, que a falta de respostas fosse fruto da imaturidade e do pouco, ou quase nulo, conhecimento da vida. Mas me lembro bem de acreditar que quando chegasse aos 18 anos, junto com a carteira de motorista e o livre acesso aos filmes proibidos, viria a maturidade. Os 18 anos chegaram mais depressa do que eu imaginava e não trouxeram resposta alguma. No lugar delas, novas questões.

Encarei este fato com naturalidade. Havia tanta coisa prática a ser decidida que sobrava pouco tempo para indagações existenciais ou filosóficas. Antes de pensar em conceitos como felicidade e realização, havia que se decidir sobre qual profissão escolher, como pagar pelos estudos e como circular com alguma competência pelo mundo dos adultos – esta última ainda a ser resolvida. Achei normal, então, que eu jogasse esta sabatina da vida para os 30 anos, esta sim a idade da maturidade e do conhecimento. Os 30 anos chegaram ainda mais depressa do que os 18 haviam chegado e percebi, já com alguma consternação, que às questões levantadas aos 12 anos haviam-se somado aquelas surgidas aos 18, aos 20, aos 25 e finalmente aos 30. Em comum, todas continuavam sem resposta.

A gente não se dá por vencido tão facilmente. Os tempos modernos nos ensinaram que 30 anos é quase o final da adolescência e algumas certezas só se revelariam agora, na casa dos 40. Desnecessário dizer que os 40 também chegaram e não trouxeram as respostas. Foi então que algo de novo ocorreu neste jogo: a gente finalmente se dá conta de que, ainda que a tentação exista, é inútil esperar que o tempo venha a nos trazer alguma certeza. Acredito que seja neste momento das nossas vidas, neste momento em que a gente assume que o tempo nunca foi nosso aliado de verdade, que se instala em nós uma certa melancolia, ou um certo descrédito. Ou ainda, em casos mais leves, uma certa indiferença. O que não sabíamos aos 12, continuamos sem saber aos 40 e daí por diante, sem o consolo, funcional até agora, de que era possível jogar tudo para frente.

Hoje eu acho que a grande dor da aventura humana não é a morte, a separação, a doença, o abandono ou a frustração e seus derivados. A grande dor da aventura humana é o não saber. Não me refiro ao não saber de fundo antropológico, do desconhecimento do nosso elo perdido, de onde viemos e para onde vamos, da falta de provas de que um dia nos separamos dos nossos antepassados primatas e começamos a sofrer de hérnia de disco porque decidimos andar sobre dois pés.

Eu falo do não saber pequeno, mesquinho, que nos ataca a cada manhã em que nos levantamos da cama sem justamente saber os motivos, por menores ou mais nobres que eles sejam. Falo deste não saber que vai nos acompanhar até o último dos nossos dias: por maior que seja o número de livros lidos, de trabalhos realizados, de amigos adquiridos, de filhos criados, de sucessos e fracassos acumulados e dos incontáveis dias vividos, chegará o momento em que nos olharemos no espelho e nos perguntaremos, afinal, o que estamos fazendo aqui e qual o verdadeiro tamanho da nossa importância neste mundo, se é que existe algum. E não poderemos mais jogar esta pergunta para o futuro porque o futuro, neste dia, não existirá mais. Isto sim é a face da dor, acredito eu agora.

Mas como eu disse que a gente não desiste à toa e dar murro em ponta de faca é a grande especialidade do ser humano, quem sabe aos 70 anos eu venha a ter algumas certezas que não tenho hoje... Não custa esperar. Até porque, passa cada vez mais rápido.

sexta-feira, outubro 09, 2009

Fernanda Montenegro

Na próxima sexta-feira, dia 16, a atriz Fernanda Montenegro chega aos 80 anos. Eu a entrevistei na semana passada, para uma matéria publicada na edição de hoje do jornal Diário do Comércio. Compartilho aqui com vocês alguns momentos da conversa

Seus 80 anos estão sendo considerados como uma efeméride para o teatro brasileiro. Que importância esta data tem especificamente para você?
Fernanda Montenegro: É absolutamente marcante no sentido de que 80 anos é um número que representa o infinito. É o limite a que um homem pode aspirar a chegar com inteireza. Os noventa minutos da minha partida nesta vida já estão transcorridos. Passo, agora, a viver o tempo complementar.

O que você sente ao dizer isso?
Serenidade, até porque não tem outro jeito. É assim o jogo da vida. Mas não há nada de especial ou único nisso. Inúmeros colegas meus estão chegando aos 80 e alguns poucos aos 90. Estamos todos trabalhando sem o caráter de uma exibição circense. Estamos vivos e organizados mentalmente, com produtividade e, acima de tudo, com qualidade artística. Não há mais novidade nisso, o ser humano aprendeu a chegar produtivo aos 80 anos.

Esta qualidade artística a que você se refere é aprimorada com o passar do tempo e o aprendizado?
Nesta vida de artista somos expostos a uma série de experiências, de propostas, de alternâncias estéticas. Só no teatro eu passei por quase 90 espetáculos. Isso garante a qualquer ator uma imensa mobilidade. Desde que você não seja uma pessoa preconceituosa, você pode experimentar tudo, o convencional, o marginal, o alternativo.

Em quais espetáculos você sentiu o peso do marginal ou do alternativo?
A Volta ao Lar, de Harod Pinter, por exemplo, foi um auê em 1967. As pessoas vaiavam e abandonavam o teatro quando minha personagem era humilhada e chamada de prostituta pelo sogro. Também experimentei este universo em textos do suíço Friedrich Dürrenmatt e de Nelson Rodrigues, um autor que joga sempre com a possibilidade da busca. Mas eram tempos em que as coisas ainda chocavam. Hoje nada mais choca.

Você já disse que poucos artistas conheceram este País tão bem quanto você e o Paulo Autran na época em que excursionavam com seus espetáculos produzidos com empréstimos pessoais feitos nos bancos. Fazer teatro hoje ficou mais fácil?
Eu sou uma mambembeira. O ofício do teatro é e sempre será difícil porque ele nunca é solitário. Você não fica num banco de jardim pintando ou escrevendo suas elucubrações sobre a vida. Você precisa se locomover, se associar a pessoas. Uma produção minúscula viaja com no mínimo seis pessoas. Mas as coisas mudaram. Hoje o teatro assumiu um caminho de total dependência do governo, tudo tomou um outro rumo. Infelizmente, o teatro parece não existir mais sem as verbas públicas, já que os ingressos não correspondem aos custos de produção. Este é um assunto sobre o qual poderíamos passar dias conversando. Não é que eu não me sinta disposta a falar sobre isso, mas este assunto consumiria todo o nosso tempo.

Você acredita que criou uma escola Fernanda Montenegro de interpretação? Reconhece seu estilo em jovens atrizes?

Escola? Eu? Não tenho esta pretensão, confesso que nunca havia pensado nisso até este momento. Isso é algo que não ocupa a minha cabeça, de modo algum. Mas, já que você tocou neste assunto, vou começar a reparar no trabalho de outras atrizes. Quem sabe daqui a algum tempo eu lhe telefone para dizer: olha, aquela pergunta ainda está de pé? É que descobri uma.

Você é mãe de dois artistas reconhecidos, a atriz Fernanda Torres e o diretor Cláudio Torres. Que peso isso tem em sua contabilidade de vida?
Eu dei todo mundo para o mesmo ramo. Eles estão fazendo o que querem fazer. São pessoas vocacionadas e, com olhos nem tão maternos, posso dizer que eles têm talento para fazer o que optaram.

Hoje, quando você examina seu extenso currículo, você diria “que bom que fiz aquilo” para que trabalhos?
Que bom que eu trabalhei por tantos anos na Rádio do Ministério da Educação e Cultura no Rio de Janeiro. Que bom que eu fiz a tevê Tupi nos anos 50. Que bom que eu fiz o Grande Teatro Tupi, que durou até 1967, época em que pudemos levar para o grande público os melhores textos de teatro e de literatura. E que ótimo tudo o que eu fiz em teatro.

O ótimo vai para o teatro?
Eu acho que tudo o que fiz no teatro foi ótimo pelo seguinte motivo: algumas peças me deram um excelente resultado artístico e as que não deram me ensinaram como melhorar. Tive momentos consideráveis de qualidade e outros de negatividade. Este é um mural que me honra muito. É um mural que me educou.

Você gosta de trocar experiências com artistas mais jovens?
Gosto muito, e não existe mérito algum nisso. As trocas são importantes porque nós não somos eternos e vivemos a partir da substituição das gerações. Isso é próprio da luta para ser e existir neste métier. Eu preciso saber por quais caminhos os novos artistas estão indo.

Você chega aos 80 anos com algum medo ou pacificada com suas apreensões?
Eu tenho medo. Não se pode chegar aos 80 anos sem medo, principalmente no campo da saúde, ainda que se possa contar com algum tipo de socorro imediato. Há a decadência física, a finitude chegando e você não sabe bem por onde ela virá. Aos 40 anos você começa a pensar que a morte existe. Aos 80, ela é uma realidade. Ela existe e ela virá sempre disfarçada. E, como ela virá disfarçada, você pensa com apreensão sobre o disfarce com o qual ela irá se apresentar a você. Não vivo me autoperscrutandoo, mas a apreensão existe.

domingo, outubro 04, 2009

O que será que me dá?

Confesso que nunca entendi direito qual a diferença entre paixão e amor e, entendo menos ainda, porque estes dois sentimentos aparentemente não podem conviver. Nos artigos e matérias que já li sobre o tema (talvez eu não tenha lido o que precisava) a paixão costuma ser descrita sempre como algo fugaz, sintomático, alguma coisa que parece já ter nascido com os dias contados. Me lembro que um renomado psicólogo há pouco tempo escreveu, em sua coluna num grande jornal, que a paixão dura em média dois anos – como se os nossos sentimentos de vez em quando resolvessem produzir uma bienal. Outros especialistas costumam se referir à paixão como sendo a infância do amor, no máximo sua adolescência – uma fase de trapalhadas, sobressaltos, confusões e uma quantidade de adrenalina que vai muito além do desejável. Já o amor seria a maturidade do sentimento, uma elevação, um nirvana que nos deixaria mais seguros e pacificados. Algo que, com um pouco de sorte, poderia durar a vida inteira e ter somente um único alvo.

O que eu nunca compreendi, realmente, é se a gente não pode estar apaixonado (ou apaixonar-se) pela pessoa que a gente ama. Ou o inverso: não podemos amar aquela pessoa por quem nos apaixonamos? Os manuais de psicologia parecem dizer que não: ou é uma coisa ou outra. Ou a serenidade do amor ou o fogo da paixão, pois nesta aritmética de possessão, as duas coisas não podem habitar o mesmo corpo.

No fim da tarde do sábado, eu estava tomando um café na Vila Madalena com um amigo. O celular dele tocou – e sempre que isso ocorre, sei que vai demorar um bocado para ele desligar. Não que ele seja mal-educado, talvez seja apenas ocupado, ainda que numa tarde fria de sábado. Enquanto ele falava ao telefone, reparei que na mesa ao lado três garotas tentavam definir o que uma quarta estava sentindo. Como não ouvi o início da conversa, imagino que esta quarta garota tivesse contado de seu recente interesse por um carinha. Então uma delas perguntou: “Mas o que você está sentindo? É paixão ou é amor?”

E ela cometeu a insensatez de dizer que não sabia. A segunda garota, um pouco mais alterada, emendou: “Como não sabe? Todo mundo sabe isso. Ou é paixão ou é amor. Você precisa saber o que é”. Ela tentava explicar que gostava de sair com o cara, estava curtindo este início de relacionamento, as coisas pareciam caminhar bem e, por isso, preferia deixar rolar. A terceira garota, até então calada, resolveu colaborar. “Então talvez não seja nem amor e nem paixão. Acho que é só sexo”. A primeira garota, incomodada com a falta de diagnóstico, prosseguiu. “Ainda que seja só sexo ela precisa saber o que é. Suas pernas tremem quando ele chega perto?” A garota sabatinada respondeu que um pouco. Acrescentou que ainda ficava um pouco vermelha, sem assunto e a garganta parecia secar. Como se tivesse acabado de diagnosticar um caso de gripe suína, a primeira garota respirou aliviada. “Ah, são todos os sintomas da paixão. Pronto, é isso que você sente”.

E, com isso, parece ter resolvido o problema da amiga. Ou, quem sabe, colocado um ponto final numa fase prazerosa para a qual a jovem não estava a fim de procurar nenhuma definição. Ela saiu para tomar um café e, aparentemente a contragosto, voltou apaixonada para casa. Meu amigo desligou o telefone, pediu outro café e retomamos nosso assunto que, pelo que me lembro, era bem menos interessante que o papo das garotas. Eu voltei para casa sem entender direito, ainda, o que é amor e o que é paixão. Mas eu prefiro assim. Se alguém souber a diferença exata, por favor, não me conte.