Esta é a primeira imagem de A Noite do Aquário, peça de minha autoria que integra o projeto E se Fez a Praça Roosevelt em 7 Dias. O projeto, embora eu seja suspeito para falar dele, é fantástico. Os Satyros convidaram sete autores (eu, Mário Viana, Alberto Guzik, Marici Salomão, João Silvério Trevisan, Jarbas Capusso e Mário Bortolotto) para escrever sete peças inspiradas na Praça Roosevelt, cada peça dedicada a um dia da semana. A mim coube a sexta-feira. Todas as peças já estão prontas e serão mostradas na sexta-feira santa, dia seis de abril, dentro de uma maratona teatral de 14 horas. Depois elas entram em cartaz, a partir de domingo, em temporada regular. Uma peça por dia, sempre às 19h.
A Noite do Aquário é um drama sem concessões. Uma história que eu tinha vontade de contar havia vários anos. E que, felizmente, eu não contei antes. Este projeto dos Satyros foi a melhor maternidade que a peça poderia ter. A história se passa em um lugarejo à beira-mar, esquecido no tempo. Todos ali vivem em função de um pequeno porto, que agora vai ser fechado. É um relato dolorido sobre uma mãe (Clara Carvalho, genial como sempre) e seus dois filhos, José, vivido com impressionante distanciamento por Germano Pereira, e Pedro, a quem o jovem Chico Carvalho presenteou com uma bondade comovente. A direção é de Sérgio Ferrara, diretor talentoso com quem eu queria trabalhar desde que comecei a escrever para teatro. Clara, Germano e Chico sempre foram, e eu não sou bobo, atores em que eu prestei muita atenção. Aqueles nomes que você guarda na manga e diz para si mesmo: um dia, vou tomar coragem e mostrar um texto meu para eles. Nem precisei fazer isso: Serginho Ferrara saiu na frente e eles toparam o trabalho.
Mas qual a ligação entre eles e a Praça Roosevelt? A sinopse da peça pode ajudar a explicar. Um dia, o marido da personagem de Clara a troca por outra mulher e vem tentar a vida em São Paulo. Consegue um emprego de eletricista na construção do Edifício Copan. Escreve ao filho mais novo para contar sobre São Paulo. Ao ler a carta, a mãe resolve vir para São Paulo, em busca do marido. Não o encontra, e termina desconsolada na Praça Roosevelt. É noite de sexta-feira e a solidão da mãe é interrompida por uma série de aplausos frenéticos dirigidos a uma jovem cantora que se apresenta na Praça Roosevelt pela primeira vez: Elis Regina. Ou melhor, Elis Regina antes de se tornar aquela Elis Regina que ninguém consegue esquecer. Esta é parte da história, há mais, muito mais a ser dito. Mas aqui não é lugar para isso. A Noite do Aquário poderá ser vista todas as sextas, às 19h, no Satyros. Um grande amigo, depois de ler o texto, disse que é uma história sobre coisas sem saída. Acho que não. Eu prefiro achar que é uma história sobre a passagem do tempo - algo que não podemos controlar e que nem sempre joga ao nosso favor. Mas há tanta ternura embutida no drama daquela pequena família que talvez haja saída para todos. Espero que sim.
5 comentários:
Tô curiosíssima, desde a primeira vez que soube da sinopse. Na primeira sexta possível estarei lá. Beijo!
Flávia, só posso dizer uma coisa: está linda.
Nao suporto dizer que esta eu perdi! mas quem sabe fica mis tempo e eu possa ver,né?
sérgio, esta peça é linda demais. tudo perfeito. (ok, nem tudo). mas é tão... tão... não sei, mas me fez chorar... não porque lembrei de experiências pessoais, pois nem deu tempo de lembrar de mim... é um fenômeno... valeu!
Oi, Lucas, muito obrigado pelas palavras. Fiquei muito feliz de saber que você gostou. E valeu por ter me achado aqui para escrever, hein. Um super abraço.
Postar um comentário