Roberto Carlos conseguiu, enfim, suspender a comercialização do livro Roberto Carlos em Detalhes, do jornalista e pesquisador Paulo César Araújo. Não li o livro - a vida de Roberto Carlos, para ser sincero, não me interessa tanto. Gosto muito de algumas composições dele - o disco As Canções que Você Fez pra Mim, de Maria Bethânia, só com as músicas de Roberto, é um primor. Mas Roberto, longe do microfone, parece ter pouco a dizer: ele nunca tem opinião formada sobre política, sobre o Brasil, sobre comportamento, sobre nada. É um Rei que parece viver de costas para o seu reino. Sabe-se pouco dele: que é supersticioso, que não gosta de marrom, que ninguém toca em seus cabelos e que, só há pouco tempo, resolveu tratar seu transtorno obsessivo-compulsivo. O que, e isso é fato, humanizou demais sua figura.
Roberto tem todo direito de ver sua intimidade longe das livrarias. É um direito dele e de qualquer outra pessoa que deseje passar ao largo desta mundanidade em que se transformou a nossa época. Mas me parece que os motivos que levaram o Rei a pedir a proibição do livro são tão banais: o que muda, na rotação da Terra, saber que a cantora Maysa tomou um litro de uísque em alguma noite dos anos 60? Ou que sua ex-mulher Maria Rita, a exemplo de todo doente terminal de câncer, sofreu antes de morrer? Ou que o próprio Roberto, garoto ainda, perdeu parte de sua perna num acidente de trem? Esses detalhes constituíram, segundo a imprensa, o estopim para que o cantor enfrentasse uma batalha judicial para proibir um livro que, de resto, parecia ser uma grande homanagem à sua indiscutível importância dentro da música popular brasileira.
Com a proibição, os leitores ficaram sabendo apenas daquilo que Roberto não gostou - três míseros relatos que não devem somar mais de duas páginas. E ficarão sem conhecer, provavelmente, milhares de outros fatos que contribuíram para que Robero Carlos se tornasse o maior nome da música nacional. Ele estava em seu direito de não gostar e proibir - e nem sei se isso configura exatamente um ato de censura. Soa mais como intransigência. Sobra, para o historiador Paulo Cesar ARaujo, uma triste lição: da próxima vez, ele deverá escrever a biografia de Ana Maria Braga, Suzana Vieira ou Luciana Gimenez. Elas jamais brigariam na justiça por ter sua intimidade revelada. E era bem capaz que saíssem por aí dizendo que o livro contou pouco...
sábado, abril 28, 2007
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Um comentário:
eu tb acho que o livro deveria circular. proibir a venda de um livro é cravar uma peixeira no coração do autor. e tb não acho que o dia viraria noite com as revelações do livro. e se virasse, please, precisamos de fatos novos. saber que ele só usa aquelas roupas brancas ou azuis a gente sabe desde antes de virar feto.
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