terça-feira, março 11, 2008

Até que a morte os separe

Tenho a maior curiosidade em saber o que vai pela cabeça das mulheres que ficam ao lado de seus maridos políticos quando estes, flagrados pulando a cerca, sentem-se obrigados a vir a público se desculpar. É algo que vira e mexe acontece. Esta semana aconteceu de novo. A imprensa descobriu que o governador de Nova York, Eliot Spitzer, passou a noite do Dia dos Namorados ao lado de uma prostituta num dos hotéis mais exclusivos de Washington. Hoje ele apareceu, arrependido, em todos os jornais. Ao seu lado, lembrando uma Jennifer Aniston a quem o tempo mostrou-se cruel, a mulher dele, Silda, manteve-se olímpica enquanto o marido purgava seus pecados em público. Fico imaginando que argumentos ele teria empregado para convencê-la a subir neste desconfortável palanque. Seria algo do tipo:

ELE: Querida, eu fui pego transando com uma prostituta em Washington e agora preciso me desculpar perante a opinião pública. Você vem comigo?

ELA: Mas é claro, querido. Acha que eu iria deixá-lo sozinho numa hora dessas? O que você acha que eu devo usar?

ELE: Ah, escolhe você. Você sabe que eu nunca fui bom para escolher roupas. Mas acho que deve ser algo sóbrio, uma cor bem neutra, afinal é uma ocasião muito triste.

ELA: Será que eu devo falar alguma coisa também? Eu não pensei em nada. O que a gente fala nessas horas?

ELE: Eu acho que eles não vão perguntar nada a você. Mas, caso perguntem, você pode dizer, han...você pode dizer que perdoa este meu momento de fraqueza e que, em nome do nosso casamento e dos nossos filhos, decidiu passar uma borracha em tudo isso.

ELA: Mas querido, nós não temos filhos.

ELE: Pôxa, é verdade... Os filhos fazem uma falta numa hora dessas, né?

ELA: Você vai dizer que o sexo comigo jã não era grande coisa?

ELE: Mas é claro que não.

ELA: Você quer que eu diga, então?

ELE: Você está louca? Os eleitores perdoam um homem que pula a cerca, mas não toleram alguém que confesse que não come a própria mulher.

ELA: O que você acha deste colarzinho? Eu acho chique e discreto ao mesmo tempo. Eu não quero aparecer muito caída em público, ou vão dizer que você estava certo quando procurou aquela puta.

ELE: Você sabe que no fundo é de você que eu gosto. Aquilo foi...foi...um deslize. Mas na hora H era em você que eu estava pensando.

ELA: Quanto ela cobrou?

ELE: Mil dólares a hora.

ELA: Você é muito perdulário, querido. Isto eu não perdôo. Você sabe que uma boa puta aqui em Nova York não sai por mais de 300 dólares. Estes seus gastos desnecessários sempre me irritaram, sempre.

ELE: Eu fiquei só meia hora com ela, querida. Quinhentinho.

ELA: Eu acho que vou dizer que estamos atravessando uma crise. De todas as minhas amigas da faculdade, eu sou a única que ainda continua casada. E ainda por cima com o mesmo homem... Ai, ai, me ajuda a fechar o zíper aqui atrás.

ELE: Você não acha este seu vestido um pouco justo demais?

Entra o assessor

ASSESSOR: Governador, a imprensa já está à espera do senhor.

ELE: Ok, George. Diga-lhes que já estamos indo. EStá pronta, querida?

ELA: Só um batonzinho e já podemos descer. Querido, como ela se chamava?

ELE: Ela quem?

ELA: A prostituta.

ELE: Nossa, juro que não me lembro.

ELA: Não mesmo?

ELE: Te juro, não lembro mesmo.

ELA: Que bom que você já a esqueceu tão depressa, querido... Estou pronta, vamos?

ELE: Vamos. Querida, eu te amo.

ELA: Agora não é hora dessas coisas... Vamos logo....

2 comentários:

alberto disse...

absoluta delícia. absoluta.

alberto disse...

delícia absoluta. absoluta.