Eu sempre achei uma bobagem dizer que os ricos não deveriam fazer festonas em épocas de crise. Eu penso que quem tem dinheiro, havendo ou não crise, tem mais é que comemorar. Porque não vai ser uma festa que vai resolver o problema da distribuição de renda no Brasil e no mundo. Se eu fosse rico, talvez fizesse grandes festas também, porque é sempre muito bom ter os amigos por perto. Claro que a ostentação é algo que nos incomoda. Mas a gente vai exigir o que dos muito ricos? Que eles peçam para que seus convidados levem três latinhas de cerveja na festa? Ou que eles comemorem numa pizzaria em que a noite sempre termina em briga porque cada um tem de pagar pelo que consumiu? Sendo que quem vai embora antes sempre deixa menos dinheiro na caixinha! E quem não bebe odeia ter de pagar R$ 2,80 do chope que não tomou. Ou que os ricos convidem só metade dos amigos porque a casa é pequena e não cabe todo mundo? E ainda peçam assim para os convidados: olha, não comenta com ninguém, porque não deu para eu chamar todo mundo, sabe... Entre inúmeras outras coisas, o bom de ser rico é que eles não estão sujeitos a estas picuinhas. Eles chamam quem eles querem, gastam o quanto querem, bebem até não mais poder e, quer saber, os incomodados que se mudem. Porque dinheiro foi feito para isso mesmo, e quem acha que eles não devem comemorar, no fundo não passa de um pobre invejento.
Isto posto, revelo aqui minha total indignação com a festa que a empresária Lucília Duniz, uma das donas do grupo Pão de Açúcar, promoveu em sua mansão do Jardim Europa para comemorar os 80 anos da Hebe Camargo. Leio nos jornais que havia garrafas e garrafas de Chateau Petrus 1997 (estou copiando tudo da Folha de S. Paulo, porque nunca ouvi falar nestes vinhos), Chateau Haut Bergey 1994, Veuve Clicquot e vinho tinto português Quinta do Vale Meão – seja lá o que isso queira dizer.
Então eu pergunto: nesta época de crise, em que os bancos estão quebrando, as pessoas estão sendo demitidas, formam-se filas de sopa em Nova York e ninguém compra nada nas lojas, a Lucília Diniz esbanja esta fortuna numa festa e convida a Preta Gil, o Roberto Justus, o Luciano Huck, o Tom Cavalcante e o Julio Iglesias? Deus me livre! Como diria meu pai: já que é para gastar, vamos gastar com coisa boa! Ah, que desperdício de bebida, credo. Se eu tivesse uma garrafinha de cada bebida dessas aqui em casa, eu juro pra vocês que ia chamar gente bem mais bacana pra beber.
No meu aniversário, em setembro, eu convido todos vocês. Claro, se vocês puderem trazer três latinhas de cerveja cada um, eu agradeço muito. E não vai ter som, porque a síndica reclama. E seria ótimo se, antes de irem embora, vocês me ajudassem a dar uma ajeitadinha na bagunça, porque a faxineira não vem no dia seguinte. Ah, claro, não espalhem este lance da festa, porque minha casa é pequena e só posso chamar pouca gente. Pobre é uma merda!
terça-feira, março 10, 2009
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8 comentários:
O pior de festa de pobre é que o pessoal resolve requentar a carne louca, servir o bolo com glacê meio durinho e abrir a sidra sem gelo, porque a tia cotinha tosse muito com coisa gelada.
festa de pobre sempre tem a tia cotinha e a prima solteira, que estica o olhão pra tudo quanto é solteiro e adora falar mal da novela das oito.
mário viana
Ô Mário, será que se a gente começar a guardar dinheiro desde já, a gente consegue fazer uma festa chique quando chegar aos 80 anos? Eu quero a minha com manobrista...é com uns docinhos de lembrança pra distribuir na saída.
Ja fui a uma festa (de um holandes claro) que tinha tiquete de consumacao. Cinco tiquetes para cada convidados(dois para bebida alcoolica e tres para suco ou agua) e se nao os usasse todos tinha que devolver o resto ao dono. Parece que a festa do primeiro casamento dele tb foi assim. E mais tarde quando teve o primeiro filho, as festinhas tambem eram assim. Dose ! E ELE NAO E" POBRE !
Pôxa, Massa, que má vontade com a Preta Gil! Se tem uma coisa que cabe em qualquer festa, de rico e pobre, é a Preta Gil. Reza a lenda que ela já foi até em festa na Praça Roosevelt. De repente, Mario, ela vai até na festa da tia Cotinha e da prima solteira! Acho que ela não tem preconceito. Aff!
O texto está genial. A reflexão sobre crise e festas é muito boa, e o que você escreveu sobre a festa à Hebe, assino embaixo total. É o triunfo do brega. Sábia Lolita Rodrigues que, se foi convidada, não apareceu. Adorei o post. Beijão. Guza
oi Roveri, adorei o post!
beijo,
Adriana
Guza, tá bom, vai. Então a gente deixa a Preta Gil. Mas com uma condição: ela não pode cantar na festa. Beijão
Puxa, Anita, festa com tíquete? Essa é nova para mim. E me parece mais triste do que levar as latinhas de cerveja, né? beijão
Nao nego meu sangue libanes. Quando recebo pessoas queridas, a Vodka eh Stoli. Agora... Se eh festao com gente marromeno, toca Vodka barata pra dar dor de cabeca nas meninas enquanto tomo minha Stoli escondidinha. :) Pao durice rulez.
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