Pelo visto, a atriz Suzana Vieira não estava brincando quando disse, há poucas semanas, que já sentia-se pronta para namorar novamente, após a morte do seu ex-companheiro. Nos últimos dias, jornais, revistas e sites publicaram fotos da atriz com seu novo namoradinho, um ator de 26 anos, se não me engano.
Eu acho, na verdade, que o grande sonho de Suzana Vieira é ser como a personagem de Cate Blanchet no filme O Curioso Caso de Benjamin Button: quanto mais ela vai ficando velhinha, mais o namorado vai ficando criança.
Não vai causar espanto se, daqui a algum tempo, a gente ler uma legenda deste tipo numa foto da revista Caras: “Suzana Vieira aproveita o sábado de sol para levar seu novo namoradinho tomar a segunda dose da vacina Sabin”.
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Apesar de tantos anos de jornalismo, ainda fico intimidado diante de algumas entrevistas. E olhem que minha especialidade nunca me obrigou a enfrentar presidentes ou ministros de Estados. E nem me colocou no centro de algum grande furacão político ou econômico. Mas isso não me deixa menos assustado: alguns diretores e atores têm, sem exagero, status de presidente ou ministros dentro de suas respectivas carreiras. E eles, talvez pelo excesso de respeito profissional que eu lhes dedico, ainda me botam medo.
Há uns dois anos, a Revista Bravo me encomendou uma entrevista de seis páginas com Antunes Filho. Passei dias me preparando. Na noite anterior, sonhei que ele tinha ficado irritado com minha primeira pergunta e me colocado para correr na frente de todos os atores do CPT. Obviamente, cheguei muito nervoso à salinha que o Antunes ocupa no sétimo andar do prédio do Sesc Anchieta. Educadíssimo, ele me conduziu ao teatro, dizendo que preferia conversar lá. O papo foi tão maravilhoso que, lá pelas tantas, Antunes Filho pediu para que as luzes do palco fossem acesas e, durante meia hora, atuou como ator para que eu visse como era o seu famoso método de trabalhar com a voz. Era um teatro vazio: eu na platéia e Antunes no palco, indo da tragédia ao drama para o meu deleite egoísta. Foi uma dessas experiências que valem por anos de profissão.
Quando fui entrevistar Zé Celso, desta vez para a Revista Key, também uma matéria grande, fiquei nervoso do mesmo jeito. E novamente Zé Celso, com sua adorável verborragia e seu malabarismo corporal, transformou aquela entrevista num happening.
Esta semana, uma outra revista me encomendou um perfil de um outro grande (e com fama de inacessível) artista. A negociação para chegar até ele foi complicada – não posso dizer de quem se trata, pois a matéria ainda não foi publicada. A única coisa que posso adiantar é que me apresentei para a entrevista ainda mais nervoso que das vezes anteriores. E agora havia o agravante de que o local da conversa seria a casa do artista – o território onde a gente costuma reinar como um leão na savana. Assim que a empregada abriu a porta, ele veio me receber e disse assim: “Sérgio, como marcamos a entrevista para a hora do almoço, imaginei que você fosse chegar com fome. Mandei preparar suco de uva e uns salgadinhos. Espero que você goste. Estou à sua disposição”. Pronto, desarmei total.
E, durante duas horas, tive uma das conversas mais deliciosas da minha vida. O teatro me dá grandes alegrias, isso é inegável. Mas quando o jornalismo resolve ser generoso também, sai da frente.
quinta-feira, março 05, 2009
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5 comentários:
Como assessor de imprensa, já que prezo sempre pelas entrevistas, para deixarem os releases mais recheados de informações, também entrevistei grandes talentos. Com certeza o frio na barriga e o medo de fazer ou perguntar alguma coisa errada sempre me pega.
Que bom, que no seu caso, podemos depois ver o resultado. Suas matérias, assim como seus posts são deliciosos de ler. Mas agora, fiquei muito curioso...quero ler essa tal entrevista (por enquanto) secreta. Diga, ao menos, qual é a revista e quando sai, assim fico de olho na banca mais próxima.
Grande abraço!
Hummmmm, danado! Depois eu digo qual é a revista... mas vai demorar um pouquinho pra sair.... Mistério!!!!!
sabe que quando vi a foto da susana vieira em algum lugar imaginei que você iria escrever algo sobre? pois então. acertou no alvo. genial. e como eu sei do que você fala sobre entrevistas! minha nossa. e isso nunca passa. eu fiquei histérico quando fui entrevistar o bob wilson, dois meses atrás. tive insônia e dôr de estômago. gde beijo. guza
Guza, querido. Que bom saber que este nervosismo nos acompanha ainda, não é? Acho que é sinal de que a gente gosta, respeita e admira muita gente, bom demais...
beijos
Lembro até hoje de uma entrevista com a Fernanda Montenegro. Foi uma delícia encontrar aquela figura no camarim, ela conversando como se fosse uma velha conhecida... Até hoje, quando conheço pessoalmente uma figura que admiro a distância, deixo fluir meu lado zona norte. É bom demais pra gente aprender a não usar tanto salto alto, né?
Taí uma lição que aquela senhora loira de namorados adolescentes deveria aprender...
bjs
Mário Viana
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