Os rapazes da foto são os atores Nicolas Trevijano (à esquerda, na foto acima) e Rafael Losso, que estão no elenco da minha próxima peça, A Coleira de Bóris, que estréia na primeira semana de junho no Espaço dos Satyros Um. A direção é do Marco Antonio Rodrigues e, só por isso, já me sinto previamente realizado com este trabalho.
Ainda não assisti aos ensaios, mas a força e o estranhamento destas imagens me fazem crer que um trabalho muito interessante está sendo gerado. Um dia, talvez eu fale, com muito mais tempo, sobre o impacto que é ver assim, em carne e osso (e também em tatuagens, suor, sangue e correntes), os personagens que um dia só existiam na nossa cabeça. Como o espetáculo ainda não estreou, posso adiantar apenas que A Coleira de Bóris não foi um texto fácil de ser escrito. Talvez porque, com ele, eu tenha tentado (vejam bem, tentado!) trilhar um caminho diferente daquele que percorri em peças como O Encontro das Águas, A Noite do Aquário e mesmo na comédia Andaime. Estes três textos traziam personagens de um cotidiano um pouco mais acessível a todos - e também a mim. Os personagens de A Coleira de Bóris, para começar, não possuem sequer nome. São chamados de prisioneiros A (Nicolas) e B (Rafael). Não sabemos ao certo de onde eles vêm, o que estão fazendo naquele local misterioso em que se encontram e por que um insiste tanto em ir embora, em partir para um outro lugar, um outro mundo, uma outra realidade que ele, desde menino, acredita estarem à sua espera. Diante desta necessidade angustiante que move de um personagem, temos a melancólica aceitação por parte do outro, para quem talvez não exista nada lá fora que justifique qualquer movimento.
Sei que o Marcão, diretor inteligentíssimo e de sensibilidade cirúrgica, enxergou nestes dois homens muito mais do que eu próprio pude localizar no momento em que os construía. Sei que ele foi além do esperado, além do que seria o convencional no trabalho de um diretor. Pressinto que ele vai usar as histórias dos prisioneiros A e B para falar, acima de tudo, daquilo que nos aprisiona e nos cega - e daquilo que nos faz, em determinadas épocas da vida ou mesmo ao longo de toda ela, desistir de tentar ver o que existe do lado de lá do muro. Espero ter dado, em meu texto, condições para que ele consiga fazer isso.
Estou curioso. E espero também contar com vocês durante a temporada.
4 comentários:
que bacana roveri! já fiquei curiosa e louca para ver!! vou conferir sim! Aliás, hj é aniversário do B....rsrs...
bjokas!
Querida, eu quero muito que você vá ver, sim. E vou torcer para que você goste...Beijo grande.
muito interessante.... essas coisas num chegam ao nordeste, não? queria assistir. snif....
Oi, Efe, a gente gostaria muito de viajar com o espetáculo. Mas a produção é pequena, sem patrocínio algum. Fica muito difícil sair de São Paulo com o espetáculo. Também acho uma pena, viu.
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