Eu já disse neste blog, há algumas semanas, que não gosto muito de usar este espaço para falar de mim mesmo - embora cada linha que a gente escreve, aqui ou em qualquer outro lugar, acaba sempre falando de nós mesmos. Mas hoje vou abrir uma exceção para falar sobre duas coisas que dizem respeito diretamente a mim - mas que podem, e devem, ser compartilhadas com vocês.
A primeira é a exibição pelo programa Direções, da Tevê Cultura, do teleteatro O Encontro das Águas, às 21h. Tive a idéia de escrever este texto durante uma viagem a São Luís, no Maranhão, em 2002. Certa manhã eu resolvi tomar um táxi para visitar o centro velho da cidade - meu hotel situava-se na parte mais nova da capital, numa praia ao lado da fortaleza de um quarteirão habitada pela família Sarney. Quando o táxi cruzou uma ponte, olhei para baixo e praticamente não vi água. Perguntei para o motorista qual era a necessidade de uma ponte tão grande sobre um rio praticamente seco. O rio está seco agora, ele me respondeu. No final da tarde, quando a maré tiver subido, a água vai bater na estrutura da ponte, completou. Não deu outra: quando voltei ao hotel, perto das seis da tarde, o rio tinha se tornado assustadoramente vivo.
Fiquei com aquela imagem na cabeça e, com o tempo, percebi que tinha nas mãos a gênese de uma história. A história de um rapaz que, num desses dias em que a gente acha que não vale muito a pena continuar, chega à ponte assediado pela idéia do suicídio. Porém, ao olhar para o rio, vê que não existe água ali. Se sua intenção é a de realmente saltar, terá de esperar algumas horas até que o rio possa livrá-lo de um mergulho seco. Só que antes de a maré subir, surge em cena a figura estranha e a seu modo angelical de um outro homem, que irá questionar cada uma das suas idéias até a beira da exaustão. E é assim, entre diálogos e a subida da maré, que transcorre toda a ação de O Encontro das Águas.
A peça estreou em 2004, com os atores José Roberto Jardim e Pedro Henrique Moutinho sendo dirigidos pelo Alberto Guzik. Hoje, os personagens que eles viveram, Apolônio e Marcelo, surgirão na tevê com outros rostos - os rostos de Marat Descartes e Luciano Schwab (na foto). A direção é do sempre competente Sérgio Ferrara. Como todo mundo que um dia se envolveu com este projeto, estou muito curioso para ver como uma história concebida no pequeno palco dos Satyros vai se adaptar ao cenário realista da televisão.
E a segunda coisa é que a Revista da Folha publica, também neste domingo, uma reportagem de grande criatividade e ternura: o repórter Gustavo Fioratti recolheu desenhos feitos por clientes em mesas dos botecos da cidade e pediu para que cinco dramaturgos escrevessem pequenas histórias baseadas naqueles rabiscos urbanos. Duas das histórias são minhas. Ou seja, hoje promete ser um daqueles domingos de pouco tédio e muita emoção. Podiam ser todos assim.
A primeira é a exibição pelo programa Direções, da Tevê Cultura, do teleteatro O Encontro das Águas, às 21h. Tive a idéia de escrever este texto durante uma viagem a São Luís, no Maranhão, em 2002. Certa manhã eu resolvi tomar um táxi para visitar o centro velho da cidade - meu hotel situava-se na parte mais nova da capital, numa praia ao lado da fortaleza de um quarteirão habitada pela família Sarney. Quando o táxi cruzou uma ponte, olhei para baixo e praticamente não vi água. Perguntei para o motorista qual era a necessidade de uma ponte tão grande sobre um rio praticamente seco. O rio está seco agora, ele me respondeu. No final da tarde, quando a maré tiver subido, a água vai bater na estrutura da ponte, completou. Não deu outra: quando voltei ao hotel, perto das seis da tarde, o rio tinha se tornado assustadoramente vivo.
Fiquei com aquela imagem na cabeça e, com o tempo, percebi que tinha nas mãos a gênese de uma história. A história de um rapaz que, num desses dias em que a gente acha que não vale muito a pena continuar, chega à ponte assediado pela idéia do suicídio. Porém, ao olhar para o rio, vê que não existe água ali. Se sua intenção é a de realmente saltar, terá de esperar algumas horas até que o rio possa livrá-lo de um mergulho seco. Só que antes de a maré subir, surge em cena a figura estranha e a seu modo angelical de um outro homem, que irá questionar cada uma das suas idéias até a beira da exaustão. E é assim, entre diálogos e a subida da maré, que transcorre toda a ação de O Encontro das Águas.
A peça estreou em 2004, com os atores José Roberto Jardim e Pedro Henrique Moutinho sendo dirigidos pelo Alberto Guzik. Hoje, os personagens que eles viveram, Apolônio e Marcelo, surgirão na tevê com outros rostos - os rostos de Marat Descartes e Luciano Schwab (na foto). A direção é do sempre competente Sérgio Ferrara. Como todo mundo que um dia se envolveu com este projeto, estou muito curioso para ver como uma história concebida no pequeno palco dos Satyros vai se adaptar ao cenário realista da televisão.
E a segunda coisa é que a Revista da Folha publica, também neste domingo, uma reportagem de grande criatividade e ternura: o repórter Gustavo Fioratti recolheu desenhos feitos por clientes em mesas dos botecos da cidade e pediu para que cinco dramaturgos escrevessem pequenas histórias baseadas naqueles rabiscos urbanos. Duas das histórias são minhas. Ou seja, hoje promete ser um daqueles domingos de pouco tédio e muita emoção. Podiam ser todos assim.
3 comentários:
eu vi na Folha de ontem...fico ótimo! E os textos do Mario Viana tb.
sucesso!
EU tinha lido na FOlha que os textos eram do Mário, mas nao sabia que vc tinha tbem. Talvez pq no Cotidiano eles nao dessem essa informaçao , só na revista (que nao chega aqui). Fiquei curiosa para ler os seus
Fiquei feliz com a seleção da Folha... e não é sempre que ela me dá esse prazer. Preciso falar com você, me diga quando e onde. Estou linkando seu blog no meu.
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