domingo, junho 08, 2008

Janelas cariocas


A peça Andaime está indo para o Rio de Janeiro, com uma modificação no elenco. Sai Cássio Scapin, que fez o personagem Claudionor com um delicioso mau-humor, e entra Elias Andreato, dono de uma ironia, um ar blasé e uma tendência ao auto-deboche que fazem dele um ator inglês perdido nos trópicos, sem passaporte e sem o endereço da embaixada. Estou curiosíssimo para ver esta mudança e saber como aqueles dois limpadores de janelas, tão paulistanos e tão comuns a nós todos, vão se comportar diante da praia. Aqui está o convitinho para a estréia. A temporada carioca só saiu, como de resto a paulista também havia saído, graças ao trabalho e à dedicação do incansável Claudinho Fontana, a quem - e ele já sabe disso - eu serei eternamente grato pelo carinho, pelo respeito e pela fé que ele sempre depositou no meu trabalho.
E prometo que agora passarei um bom tempo sem falar das minhas peças. Nos últimos dias, insisti demais neste assunto, com três posts, eu acredito. Mas é que foram dias lindos, cheios de surpresas e muita, muita ansiedade. A notícia do Andaime indo para o Rio e A Coleira de Bóris estreando em São Paulo. Não tinha como eu me mostrar indiferente a tudo isso. Foi uma dosagem alta de emoção, tudo concentrado, coisa que não acontece a todo instante em nossas vidas. Feito o registro aqui, garanto que da próxima vez em que eu voltar para o blog tentarei olhar menos para o meu próprio umbigo. A gente gosta muito do que faz, ainda bem. Mas o mundo lá fora continua mais desafiador, mais perigoso e, acima de tudo, MAIOR. E quando a gente se esquece disso, ainda que seja por uma semana, corre o risco de se afogar em nossas águas rasas e às vezes preocupantemente calmas.

3 comentários:

Barbara disse...

Parabéns Massa, fico feliz por você estar estreando fora das fronteiras paulistanas com um espetáculo bem gostoso e bem ao gosto do público carioca. eu acho que eles vão curtir muito.
beijo

Anônimo disse...

O Bóris foi envenenado!


Ontem assisti A Coleira de Bóris do Sérgio Roveri. O texto é um espetáculo à parte e gostaria de ter o roteiro nas mãos para poder escrever mais a respeito. A encenação encaixou no Satyros 1.

Dois condenados às escuras trocando idéias aceleradas sob a constante ameaça do abandono, das dúvidas e da morte... A ambientação me lembrou muito o clássico Papillon da anos 70 com Steve McQueen e Dustin Hoffman - que conta a saga e as brutalidades que um condenado sofreu nos seus anos de reclusão na Ilha do Diabo na Guiana Francesa.

E as palavras que mais me alcançaram: "Podemos sair e andar para algum lugar aonde sabemos que vamos chegar"

Os dois atores são ótimos, atletas jogando um dialeto de capoeira, emitindo falas com propriedade e presença. Simulando multilações. O preto foi destaque à parte, com o tempo certo, envolvendo palco e platéia em um grande véu negro com pausas vigorosas.

E o vento longo, delicado e gelado soprando com leveza minha nuca na saída da sala. Tem algo mágico naquela Praça Rossevelt...


http://henrique-silveira.zip.net

O Gusik falou que o comentário estava a altura do espetáculo, então...

Só no blog disse...

Henrique, meu caro. Muito obrigado pelo seu comentário, fiquei muito feliz e emocionado com ele. Tomei a liberdade de encaminhá-lo aos atores também. Um grande abraço, Sérgio