Conheço a fotógrafa Lenise Pinheiro há muitos anos. Ela me conhece há bem menos tempo. Quando eu trabalhava como repórter do Jornal da Tarde, eu já a via, máquina fotográfica e tripé em punho, nas estréias de peças, nas coletivas ou em uma ou outra atividade ligada ao teatro. Sabia que ela era fotógrafa da Folha de S. Paulo, mas nunca me aproximei dela. Eu achava que a Lenise fosse uma mulher brava. Uma daquelas pessoas a quem se a gente dirigisse a palavra para dizer algo assim: "olá, eu gosto muito das suas fotos", ela iria responder apenas um muito obrigado e viraria as costas para fazer algo mais interessante.
Então, a Lenise começou a se aproximar dos Satyros na mesma época que eu: ela, como iluminadora, e eu como autor. Ainda assim, nossos caminhos não se cruzavam. Até que algumas questões profissionais nos aproximaram e eu vi que a Lenise podia ser tudo, menos uma mulher brava. Aquela fala mansa, um coração de manteiga e um humor que somente as pessoas muito inteligentes e sensíveis têm. E daí nos tornamos amigos e até fizemos algumas coisas juntos. O talento da Lenise nunca foi surpresa para mim, mas confesso que, esta semana, ao ver as fotos que ela fez do meu espetáculo A Coleira de Bóris fiquei muito comovido com a força e o lirismo das imagens que ela captou. Peço licença a ela, então, para reproduzir aqui três destas visões.
Beijão, querida. E muito obrigado por este presentão.
4 comentários:
Caro Roveri.
Eu já tentei várias vezes deixar comentário aqui no seu blog e nunca consigo. Não sei oque acontece.
Fui assistir "A Coleira de Boris" no domingo. Foi me dando uma dor de cabeça insuportável durante toda a peça. E eu nem sei como consegui permanecer ali até o final. Adoro tudo que voce escreve. As vezes passo aqui só pra ler. Mas eu quero te dizer que adorei aquele texto, e a montagem um presente aos nossos olhos. Não sou ligada ao teatro, sou apenas uma apreciadora e apaixonada pela arte dionisíaca, mas quero registrar que o seu texto me fez pensar muito nos ultimos dias. Nas hipocrisias que temos de nos sujeitar dentro de nossas cercados, dos braços que nunca conseguimos esticar, sem esbarrar em alguma coisa, pra medir o tamanho da nossa liberdade e por aí. Ouso e tenho ousado muito nos últimos tempos a defender direitos ainda visto com os olhos tortos pela nossa sociedade, razão pela qual a minha coleira vai se rompendo, a cada dia, com o vai e vem da minha coragem. A montanha pode ser longe, mas é preciso persegui-la. Tenho um blog, caso queira conehcê-lo, passe por lá. beijos e obrigado por aquele momento. Rachel Rocha
Oi, Rachel, muito obrigado pelo seu comentário, querida. E muito obrigado, também, por ter ido ver a peça. Fiquei muito comovido com o que você escreveu - e agora chegou a hora de eu ficar pensando no seu texto, né? Vou ver seu blog sim, pode deixar. Beijão, Sérgio
Oi Roveri.
Num tem nada pra pensar não, só fui escrevendo aqui o que realmente senti. Ano passado fui assistir "A noite do Aquário" e saí de lá com os olhos marejados. Depois, assisti "O encontro das águas" e fiquei emocionada. Na Satyrianas te encontrei numa mesa redonda mediada pelo Rodolfo e prestei muita atenção em tudo que voce disse e passei a respeitá-lo ainda mais. Estou sempre por ali, gosto muito do Rodolfo e do Ivam, uns anjos do meu caminho. Sou advogada e tenho me dedicado ao estudo do direito homoafetivo e da diversidade sexual. Sei da minha tarefa e sei, também, que a minha luta é árdua, mas alguém tem de fazer esse papel. Tomei a minha decisão com a conquista de um prêmio da OAB/SP em 2007, do qual tenho muito orgulho. Um dia talvez te conte essa história.Meu blog nasceu esses dias, esqueci de dar o endereço: gostodecereja.zip.net. Beijos e obrigado voce pela sua obra. Rachel Rocha
Rachel, querida. Mais uma vez, muito obrigado pelo apoio e carinho. Fico muito feliz de saber que você já conhece algumas coisas que eu fiz. E fiquei interessadíssimo com seu trabalho na advocacia - desejo a você todo sucesso nesta área que, ao que parece, não é nada fácil, né! Mas seu talento e determinação a levarão adiante, tenho certeza. Beijão
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