quinta-feira, abril 16, 2009

A dama do telhado

Tarde dessas eu estava tomando um café a algumas quadras de casa quando passaram pela rua, em disparada e com as sirenes ligadas, três viaturas da polícia. Assalto ou acidente, eu pensei. Terminei o café e voltei a pé para casa. Quando estou chegando, vejo as viaturas na frente do meu prédio e a rua tomada por vários policiais. Eles estavam tentando impedir que uma mulher se jogasse do telhado de um sobradinho de dois andares, que fica bem em frente ao meu prédio. Pode parecer pouca coisa, se atirar de um sobradinho de dois andares, uma queda de sete metros, talvez. No máximo, ela conseguiria quebrar uma perna ou deslocar a clavícula, deviam pensar as pessoas que se aglomeraram na calçada para acompanhar a ação dos soldados. Dois deles subiram no sobradinho e, a poucos metros de distância da mulher, tentavam convencê-la a acompanhá-los.

A ação toda não deve ter levado mais do que cinco minutos. E parece ter causado pouco impacto nos curiosos da calçada, cujos rostos denunciavam mais um sorriso incrédulo do que preocupação. Rapidamente os soldados no telhado imobilizaram a mulher e obrigaram-na a descer. Em poucos segundos, a rua já estava voltando ao normal. Fiquei na calçada mais um tempinho, ao lado de uma mulher que, dali a pouco, vim a saber que era médica. Quando estávamos nos preparando para ir embora também, o porteiro do prédio ao lado nos tranquilizou: “Não liguem para ela, não”, ele nos disse. “Ela não deve bater bem. É a terceira vez que ela faz isso este ano. Eu acho que quando ninguém dá bola pra ela, ela sobe ali e diz que vai se jogar só para aparecer a polícia. Mas nunca se joga”. Disse isso e voltou para a sua guarita.

Quando eu estava entrando no meu prédio, a médica falou algo mais ou menos assim. “Não sei, eu não gosto disso. Esta mulher está tentando dizer alguma coisa. Eu tenho muito medo de que algum dia ela consiga”.

Até onde eu sei, desde aquele dia ela não subiu mais no telhado do sobradinho. Torço para que ela tenha conseguido dizer, sem precisar sair do chão, tudo aquilo que a afligia.

4 comentários:

Isabella disse...

nossa... o que passa pela cabeça dela, ahm? que medo...

roveri, não me ache muito estranha, mas sonhei com vc hoje...!!! hahaha... acho que ando passando demais por aqui... sonhei com a sua casa, estávamos íntimos.

sonhos são reveladores... te conheço só de vista, de te cumprimentar e, de repente, estou na sala da sua casa (aliás, era um apartamento).
e se sonhos são reveladores, blogs são indiscretos: o pouco que sei de vc, já me fez te considerar, segundo meu inconsciente deixou revelar hoje à noite, um amigo, digamos assim.

um brinde à nossa amizade freudiana!

beijos!

Só no blog disse...

Oi, Isabella, que ótimo este seu sonho! Espero que você tenha gostado da decoração do meu apartamento!!! beijão, sérgio

Anônimo disse...

oi Sergio. Fui ver "Encontro das Águas".Divina montagem. Amo aquele texto. Obrigado pela obra e pela emoção.beijos, Rachel

Só no blog disse...

Oi, Rachel, tudo bem? Muito obrigado pela força. Vou transmitir sua opinião aos atores. Beijo grande e bom feriado, sérgio