Quando li as primeiras críticas do livro O Encontro, da irlandesa Anne Enright, pensei por um momento estar diante de uma nova versão de Reparação, clássico do inglês Ian McEwan. A princípio, as duas obras pareciam tratar de um tema semelhante: a culpa que se carrega por um erro cometido na infância, dentro do ambiente familiar. Ainda assim, comprei o livro e comecei a me entregar a ele nesta semana. Para minha felicidade, são histórias completamente diferentes, escritas por autores cujos estilos nem de longe se cumprimentam. McEwan é deliciosamente metódico e detalhista, enquanto que Enright parece escrever com certa pressa, quase uma blogueira a terminar seu artigo às pressas antes que caia a conexão. O que não tira a força de suas imagens e nem a melancolia das divagações de Veronica, a personagem principal que sofre de insônia e ronda pela casa como um fantasma domesticado. Aqui vai um exemplo da sua prosa, extraída da página 29 do livro:
"...E o que me deixa surpresa ao chegar à via expressa não é o fato de que todo mundo perde alguém, mas que todo mundo ama alguém. Parece uma perda tão maciça de energia; e nós todos fazemos isso, todas as pessoas rodando pelas faixas brancas, a se intercalar, convergir, ultrapassar. Cada um de nós ama alguém, mesmo sabendo que eles vão morrer. E continuamos amando, mesmo quando não estão mais lá prara a gente amar. E isso não tem nenhuma lógica, nenhuma utilidade, assim eu vejo".
terça-feira, agosto 05, 2008
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