terça-feira, fevereiro 19, 2008

Voltando aos poucos

Só agora vejo que há quase 20 dias não apareço por aqui. Uma crise de falta de criatividade aliada àquela sensação de que tudo já foi dito sobre tudo, nos jornais, na tevê e nos outros blogs, me manteve longe deste espaço pelo maior intervalo desde que ele foi criado. Retornei porque, confesso, fiquei com um pouco de medo de ver este blog aumentando as estatísticas de uma pesquisa feita recentemente sobre a utilização da internet. A maior parte dos blogs, segundo a pesquisa, caiu num buraco negro há mais de dois anos. Ou seja, seus autores não escrevem mais nada e os visitantes, obviamente, desapareceram por completo. Dá um pouco de pena, porque quem já teve um blog, ou se tornou visitante de um deles, sabe que há muito de confessional vagando por esta terra sem dono. Há memórias, reflexões e momentos íntimos que, por algum motivo que pode variar entre o pendor literário e a veleidade, vieram dar as caras sem medo de represálias por aqui. E então, como se desiste de um projeto, de um sonho, das caminhadas diárias, de um curso, de uma dieta, de um amor e de uma ambição, as pessoas também desistem de fornecer a ração diária tão essencial à sobrevivência dos blogs. E aos poucos eles vão morrendo, cheios de velhas histórias que vão perdendo o interesse até para os seus próprios donos, como livros que acumulam poeiras no fundo de alguma estante e que só serão lembrados no dia da mudança.

Senti vontade de falar sobre o uso de cartões corporativos, sobre as lágrimas na despedida do Guga das quadras (acho que sou um dos poucos a acreditar que ele não deveria mais se expor desta maneira; o limite entre a emoção e a mendicância, nestes casos, é muito fácil de ser rompido e ele, como excepecional atleta que é, talvez devesse deixar na retina do público as imagens da vitória e não o contrário), sobre a vitória de Tropa de Elite em Berlim (comemorei com a alegria de um feriado que cai numa segunda-feira) e até sobre assuntos muito mais corriqueiros, como a situação das calçadas na Avenida Paulista - passei por lá hoje e o calor, a quantidade de pessoas correndo em todas as direções e o ruído das betoneiras me transportaram para uma Bagdá depois de algum atentado xiita.

Nunca o trânsito esteve tão insuportável como neste início de ano e nunca senti tanta vontade de ficar mais tempo em casa. Com a mente quieta e os dedos em paz também, longe dos teclados. O silêncio neste espaço aqui é, no fundo, reflexo disso. Há tanta gente falando (para o bem e para o mal), tanta informação sendo processada, tão pouco tempo para ler e tantos atropelos na vida que, em alguns momentos, um pouco de quietude na vida da gente e na dos outros não deve fazer mal a ninguém. Psiiiiiiiiiiiiiiiuuuuuuuu.

Um comentário:

Flávia disse...

Fazia muito tempo que não passava aqui e em outros blogs que costumava visitar. Muito tempo também que não atualizava o meu blog. Fiquei feliz de voltar e ver que o seu blog continua ativo, apesar do pequeno hiato, sempre com textos tão bacanas. Depois, com calma, quero comentar esse sobre o esquecimento aí de baixo. :-) Bjo!