sexta-feira, janeiro 18, 2008

Mistérios da fé

Uma amiga minha costuma dizer que o jogador Kaká é o melhor exemplo de que ninguém é perfeito neste mundo. Jovem, bonito, bom caráter e indiscutivelmente talentoso, Kaká pisaria na bola (o trocadilho foi inevitável) a cada vez que, segundo ela, revela fazer doações milionárias à Igreja Renascer em Cristo, comandada pelo pastor Estevam e a bispa Sônia, ambos presos nos Estados Unidos por evasão de divisas. É do conhecimento de todos que Kaká atribui grande parte de seu sucesso profissional, talvez todo ele, à fé que dedica à igreja mantida pelo casal. Mais do que o próprio gosto pessoal, fé é algo que não se discute. Eu mesmo, confesso aqui, desconfio que seria mais feliz se minha fé fosse maior do que é hoje. Mas não gostaria que minha fé fosse igual à do Kaká - no caso do pastor e da bispa, prefiro muito mais acreditar na justiça dos homens, que presenteou o casal com um par de tornozeleiras e macacão cor de laranja dos presídios americanos.

Tenho um amigo que durante anos pertenceu à Igreja Renascer em Cristo. Ele diz que, quando conheceu o casal, eles pregavam num sobradinho bastante acanhado da zona sul de São Paulo. Aparentemente eram pobres, pouco influentes e com um número reduzido de seguidores. Durante anos este amigo seguiu todas as recomendações feitas pelo casal, principalmente as que diziam respeito ao pagamento mensal do dízimo. Quando abandonou a igreja, depois de treze anos de uma fidelidade que hoje ele acredita ter sido cega, ele pôs na ponta do lápis o valor de sua devoção: acredita ter deixado em torno de cem mil reais em pagamento de dízimos. "Eu dei para o casal o equivalente a um apartamento de dois quartos", me disse ele, textualmente. Mas não foi isso o que mais o assustou.

Certa vez, ele viajou para o exterior e se encantou com uma jaqueta de couro. Teve dúvida entre comprar ou não, pois na igreja havia sido educado na prática do desapego. Como as tentações não pouparam nem mesmo a Jesus, no último dia de viagem ele tirou o cartão de crédito do bolso e comprou a tal jaqueta. De volta ao Brasil, não teve coragem de usá-la um único dia. A cada vez que abria o guarda-roupa, a jaqueta estava ali, a prova fashion de seu pecado consumista. Incomodado com isso, foi até a igreja, onde estava sendo feita uma campanha de doação de agasalhos para algumas obras sociais que o casal dizia manter. Ele voltou para casa, tirou a jaqueta novinha do armário e a entregou aos cuidados da igreja. No culto do domingo seguinte, e olha que nem fazia tanto frio assim, meu amigo viu sua jaqueta novinha no corpo de um dos pastores, que todo pimpão saracoteava pelo templo com a felicidade de uma criança em noite de natal. Naquele dia ele percebeu que havia algo de errado em sua fé. Ainda assim, levou anos para se desligar da igreja.

Hoje o casal de pastores tem haras, mansões em Miami, milhões de dólares guardados, dezenas de outras propriedades no Brasil e o presidente da OAB como advogado de defesa. Enquanto que meu amigo tem o mesmo emprego e continua morando na mesma casa. E, quando chega o inverno, deve morrer de saudades da jaquetinha de couro que ele nunca usou. A fé, realmente, é algo muto estranho.

7 comentários:

Viralata disse...

Não fala mal do Kaka que eu brigo... hauahauhaua! Querido o negócio é que o craque já escolheu um novo caminho para além dos gramados, ele quer ser pastor! Ok, acho ótimo ele assumir isso tão lividamente e ainda dizer que casou virgem e tal! O problema é que fé e razão não costumam andar juntas né? Qto tempo demorou para os seguidores do coreano trambiqueiro reverendo Moon descobrirem que ele era um grande picareta? Sabemos que Tim Maia foi a falência pela vigésima vez com outra seita, a "Universo em Desencanto" e nos deu um disco lindo e que influencia meio mundo até hoje.
Kaka, além de bom moço está em ótima forma, influencia jovens do mundo inteiro, dá as cartas na Europa e dá o seu suado dinheiro para a Renascer, mas acredite não será por muito tempo!
Vc sabia que uma pessoa ligada a Igreja queria fazer parte do staff de empresários que cuidam dos seus negócios? Sabe o que ele e o seu pai disseram? "Calma lá, já contribuimos para a Igreja, negócios à parte irmão!"
Ou seja, a aparente ingenuidade dele têm limites, meu sonho é que meu ídolo equilibre fé e razão e seja feliz.
Bj, Caetano

Anônimo disse...

Quando cega e em níveis elevados, a fé vem com doses de ignorância. Bem que o Kaká poderia empregar melhor seu rico dinheirinho, ajudando mais, de alguma forma mais inteligente, investindo no esporte ou na educação das crianças carentes.

Viralata disse...

Tudo bem da fé cega, mas ele têm duas fundações dedicadas a jovens carentes no Brasil, uma outra no exterior é padrinho de mais três fundações para difundir o esporte e é isso que a sua modéstia nos deixa saber!
Gente, que mania de querer ensinar como os ricos têm de gastar o dinheiro deles... o cara é boníssima gente e acredita em 'Jesus Salvador' e naqueles trambiqueiros! Tudo bem né? Eu com bem menos no banco já quebrei a cara e a conta bancária com cada coisa...
bjos

Anônimo disse...

jesus vai te castigar por falar escrever essas coisas.

Mainka, Bruna. disse...

Pois agora, cada um faz o que bem entende com seu dinheiro!
Referente a fé, bem, eu acredito plenamente que a fé que Kaká tem, é absoluto em Deus e não a quem está a frente da obra.
O que os ditos cujos fazem com a tal grana, não diz respeito a ninguém que acredito ter postado por aqui, a não ser quem de fato contribui.Se ele não se revelou referente a questão, não nos cabe fazer.
Até porque seria perda de tempo, a não ser que queiramos ouvir: "Muito bem Flypper, você ganhou uma sardinha"

Bruna ;D

Mainka, Bruna. disse...

Pois agora, cada um faz o que bem entende com seu dinheiro!
Referente a fé, bem, eu acredito plenamente que a fé que Kaká tem, é absoluto em Deus e não a quem está a frente da obra.
O que os ditos cujos fazem com a tal grana, não diz respeito a ninguém que acredito ter postado por aqui, a não ser quem de fato contribui.Se ele não se revelou referente a questão, não nos cabe fazer.
Até porque seria perda de tempo, a não ser que queiramos ouvir: "Muito bem Flypper, você ganhou uma sardinha"

Bruna ;D

Anônimo disse...

Sou o demo-demorô, demorô mais abalô!