O amigo Alberto Guzik faz aniversário nesta quarta-feira, dia 9. Vai passar a data na UTI do Hospital Santa Helena, onde foi internado há mais de cem dias para uma cirurgia delicada, é verdade, mas que teve todas as complicações possíveis. É muito triste. Mas eu – e acredito que tantos outros amigos que estão acompanhando esta luta diária do Guzik – faço um esforço danado para não me entregar à tristeza. Penso que, se ficarmos tristes, estaremos de alguma forma traindo toda a força, garra e mesmo a alegria que o Guzik tem demonstrado durante este grande período de internação, em que ele já venceu uma pancreatite e está bravamente nocauteando uma infecção hospitalar.
Eu acho que os nossos inimigos deviam ser bem grandes, para que a gente pudesse encará-los na luta ou fugir deles se fosse mais prudente. Mas estes inimigos invisíveis de tão pequeninos são os piores – eles parecem saber a hora exata em que a gente se tranqüilizou e baixou a guarda para planejar um novo ataque. Mais que um paciente, estou começando a acreditar que o Guzik é um general de guerra, um herói com quatro estrelas no ombro que já aprendeu que o inimigo não dá tréguas. Ele sempre soube que a guerra seria dura – talvez não tanto quando está sendo, é verdade -, por isso nunca permitiu que o desânimo chegasse perto. Nas várias vezes em que estive no hospital, encontrei o Guzik ora feliz, ora irritado, muitas vezes querendo pular daquela cama, desligar todos os fiozinhos e entrar correndo no primeiro teatro de portas abertas que encontrasse pela frente. Mas desanimado, isso nunca.
A última vez em que estive com ele foi na quarta-feira, 26 de maio, faltando três dias para ele enfrentar uma nova cirurgia – prevista para ser a penúltima. Mas nem sempre nas guerras as coisas saem conforme o planejado. Tamanha era a disposição do Guzik que, se eu fechasse os olhos, seria capaz de jurar que aquela conversa estava sendo levada num boteco, numa praia, numa pracinha ensolarada – jamais num hospital. Eu e o ator Chico Ribas ficamos com ele por mais de uma hora, tempo suficiente para que ele falasse mal das novelas que era obrigado a ver – a tevê do quarto dele só sintonizava os canais abertos – e perguntasse tudo sobre as peças e filmes que estávamos vendo, às festas a que estávamos indo, os projetos, os anseios, a vida que continuava a correr normalmente para além das paredes daquele quarto.
Pouco antes de irmos embora, ele disse que estava absolutamente confiante no resultado da cirurgia que faria no sábado. Talvez eu não me lembre de cor, mas são grandes as chances de ele ter usado estas palavras: “Eu não consigo deixar de ser otimista. E olha que eu até tento, mas não consigo. Na minha cabeça, tudo vai dar certo e eu vou poder ver os últimos jogos da Copa na minha casa. É só nisso que penso e acredito. Às vezes, aparecem uns pensamentos ruins, é verdade. Mas eles não duram nada. Aparecem e já vão embora”.
Eu nunca fui muito bom para acreditar nestes lances de energia e pensamento positivo. Mas agora é um bom momento para mudar de opinião. Tô mandando um abraço imenso, um beijão e os votos de melhor aniversário do mundo pro Guzik. Neste mesmo dia do ano que vem, se Deus quiser, a gente vai poder fazer tudo isso pessoalmente.
terça-feira, junho 08, 2010
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9 comentários:
Saudades dele! Esse povo do teatro é touro. O Mário com os tiros, o Guzik com tudo isso... Orgulho!
É muito bom quando temos amigos por perto. Muita energia positiva pro Guzik!
não conheço, mas estou torcendo por ele!
Eu me lembrei dele hoje, sabia que o aniversário dele estava por perto.
Esta energia saudável e dinâmica dele, de a cada dia querer e viver intensamente, seja irritado ou interessado, seja otimista ou curioso etc, e fazer parte do mundo que ele gosta e se dedica é lindo de assistir e me emociona.
Acredito na mudança, nas pequenas mudanças que podem desencadear outras, e vamos nós por aí.
Junto minha energia à sua, Sérgio: tô enviando o meu melhor, o meu afeto pro Guzik.
Bjim,
Valéria
Serginho, proponho que façamos todos uma grande almôndega sentimental, com muito aperto carinhoso e afago espiritual. Cerquemos o Guzik com o melhor de nossos corações - ok, nem sempre é muito, mas (como dizia minha mãe) o pouco, com Deus, é muito.
O mais preocupante é o Guzik querer ver os jogos DESTA seleção do Dunga...
Pois é, pessoal, vamos continuar na torcida, né? Só não podemos tocar aquelas vuvuzelas, que elas devem acordar o guzik e os outros pacientes! beijões
Torcendo pela plena recuperação do Guzik. Que ele volte em breve para os amigos, família, teatro e para os leitores do blog "o dia e as horas". Evoé.
Tenho pensado muito nele... Ele tem feito falta na minha vida virtual. Tenho carinho e muita admiração por ele. Por favor, na próxima visita, mande beijos de quem sente falta daquele blog dos dias e das horas sendo atualizado diariamente por uma pessoa tão sábia...
Um beijo.
já-já ele coça novamente por aí.
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