terça-feira, junho 22, 2010

Urna

Antes que as pessoas desistam de ler este post já na segunda linha, adianto que não vou fazer aqui uma defesa da candidatura tucana à presidência da República. Só quero contar que, na noite de segunda-feira, enquanto o povo do CQC bombava na África do Sul e a Globo exibia um filme de ação com o Antonio Banderas, eu vi a entrevista do José Serra no programa Roda Viva, da Tevê Cultura.

Que Serra não é um candidato simpático, não há dúvida. Que ele se mostra impaciente com os jornalistas, isso também não é segredo. Que ele não está preocupado em agradar à custa de demagogia, também é de domínio público. Como também não deve ser segredo o fato de que seu conhecimento do Brasil é enciclopédico. Fiquei abestalhado com a quantidade e diversidade de dados, números, históricos e minúcias que ele apresentou para justificar cada uma de suas respostas. Nem o Google consegue ser mais rápido que o raciocínio do Serra na hora de lançar mão de estatísticas, pesquisas e estudos para ilustrar ou endossar suas teses.

Se eu fosse a Dilma Rousseff, também estaria com medo de participar de debates, sabatinas e grandes programas de entrevista, principalmente depois deste passeio do Serra pela bancada do Roda Vida. Mesmo com todo o apoio e carisma do Lula, deve ser difícil para ele entrar sozinha na jaula dos leões e mostrar a que realmente ela veio.

Repito: não estou fazendo propaganda serrista, não defini meu voto e não tenho absolutamente nada contra a Dilma – aliás, estou fazendo um esforço considerável para ter alguma coisa a favor, mas está difícil. Só sinto que, depois de uma hora e meia ouvindo José Serra, fica muito difícil não admitir o óbvio: tecnicamente ele é o candidato mais preparado nesta corrida presidencial. Tecnicamente, repito. Mas eu sei que as eleições devem ter um quê de Copa do Mundo: nem sempre o mais preparado tecnicamente é o que chega lá. No caminho da vitória ou do gol há paixões, torcidas, conchavos, bolões e até vuvuzelas dispostas a fazer muito barulho para confundir a cabeça do eleitor.

8 comentários:

João Pedro disse...

Mais rápido que o Google? Daqui a pouco vai querer vestir o Serra com uma roupinha de super-herói...

Só no blog disse...

Olha, acho que nem precisa da roupa. Pelo que eu pude notar, até que ele estava bem vestidinho na entrevista.

Kiko Rieser disse...

Só tenho minhas dúvidas quanto ao "não está preocupado em agradar à custa de demagogia"...

Iris Tseng disse...

Concordo! Não sou nem tucana nem petista, mas Serra é abismalmente culto. Quisera eu ter 5% da energia que ele tem para absorver tanta informação. Aliás, quisera eu que cada brasileiro tivesse 1% da erudição dele.

Dilma é (ou tenta ser) um eco do Lula original. A candidata está tentando ter tanto carisma quanto Lula. Porém a habilidade com que Lula movimenta massas - convenhamos, alicerce do fato de Lula ser tão popular - é bem difícil de igualar...

Abraço!

Mário Viana disse...

O principal adversário do José Serra é ele mesmo. Impressionante o baixo nível de carisma do homem. Nessas, quem sai na frente é a verde Marina Silva. Mesmo pra quem não vai votar nela, que nem eu, a moça tem uma cara simpática. Sei lá, como aquela vizinha que frequenta a Assembleia de Deus, mas não reclama do teu som alto.
Até onde eu saiba, a Dilma também é bem preparada, dentro do que a classe média entende por bem preparada. Frequentou universidade, etc etc etc. Mas pegou a mesma cota de carisma do Serra, ou seja, zero.
Por enquanto, o meu voto vai mesmo pro Guarujá, onde pretendo passar o dia da eleição e justificar minha chorada ausência nas urnas.

Só no blog disse...

Meus queridos, concordo com todos vocês. Adorei a ideia do Guarujá do Mário. Como é bom ter amigos inteligentes. beijos

Anônimo disse...

Vcs falam tanto em carisma, carisma prá lá, carisma prá cá.
Carisma ganha eleição e televisão. Estamos mal mesmo !!
Na verdade ,acho bem errado ser obrigada a votar nesse país de saúvas grandes e gordas.
Não voto em ninguém, nunca mais na minha vida.
É prá isso q lutamos - enfiados em diretórios acadêmicos no passado -
prá jogar o voto no meio do mato
e ver políticos que eram de "esquerda" antigamente serem aliados políticos do que existe de pior do coronelismo brazuca.Só legislam em causa própria, nas negociatas mais absurdas.
Tristíssimo.

Alex Wildner disse...

Hahaha
Vuvuzelas foi incrível! Semana passada eu chamei a polícia pra acabar com o barulho desses trombones de plástico que uns vizinhos insistiam em soprar durante a noite toda, em um dia que não houve jogo! PoiZé!
Nem sei em quem votar, não acho o Serra bonzinho, mas a Dilma tem uma carinha de bichinho que morde, tem um histórico esquisito, sei lá, eu prefiro continuar pobre do que encarar o "bixo"...
Acabei de ler o comentário do bravíssimo Anônimo acima, voto não deveria ser obrigatório, aliás, a Bélgica é um dos únicos países do 1 mundo a ter uma grande porcentagem de eleitores votando, e também é um dos únicos países que tem voto obrigatório, coincidência, não?! hehehe