Nunca gostei muito de usar esta época do ano para fazer planos e balanços, embora tudo pareça nos conduzir a isso. Sou um pouco avesso aos planos porque, por mais que eles se mostrem sólidos, a vida é insubordinada demais para respeitar nossos acertos prévios – um ventinho de nada já basta para desestabilizar a bússola do nosso destino. Quanto aos balanços, ainda que esta idéia se revele uma ode ao conformismo, eu prefiro pensar que fiz o que foi possível fazer dentro das condições que eu encontrei. Tento não imaginar como seriam as coisas se eu tivesse tomado algumas decisões diferentes daquelas que tomei – de todos os sofrimentos inúteis, este parece ser, de longe, também o mais desprezível. As coisas foram como foram e ponto final - e o fato indiscutível de que sobrevivemos a todas elas talvez indique algumas vitórias pelo caminho. Muitos arranhões também, mas acredito que ninguém conheça a vida a não ser desta maneira.
Se eu tivesse, como numa espécie de jogo, de abrir uma exceção e revelar um projeto para 2009 e todos os anos que se seguirão a ele, na esperança de que estaremos aqui para acompanhá-los, eu diria que gostaria de fugir da sedução fácil – daquilo que se mostra prazeroso embora saibamos, desde o princípio, que é ali que mora o perigo. Se eu fosse fumante, poderia dizer, por exemplo, que este vilão travestido de mocinho era o cigarro. Seria até mais fácil. Como não fumo e não me drogo, meu veneno é outro. E acredito que todos saibam do que estou falando, porque cada um de nós cultiva com carinho e apego o seu próprio veneno, sabe onde guardá-lo e como consumi-lo de forma a se embriagar sem necessariamente morrer – ao menos a morte literal. E sabe, também, que nome dar a ele, ao seu veneno particular.
Talvez este fosse o meu desejo para 2009: na impossibilidade de evitar o veneno, que eu aprendesse ao menos a conviver ou controlar a ressaca que ele produz. Ou, num plano um pouco mais modesto – e conseqüentemente mais humano – que eu jamais me esquecesse de que viver é sempre brincar com fogo. Em outras palavras ainda: de que a cada manhã, antes de qualquer outra coisa, nós acordamos para dar bom dia à ilusão.
Então, para mim mesmo e para todos aqueles que acompanharam meus devaneios ao longo deste ano, encontrei um verdadeiro e real desejo para 2009: que a ilusão nos dê um bom dia como resposta.
Feliz 2009 para todo mundo!
segunda-feira, dezembro 22, 2008
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8 comentários:
Olá...
Sou apaixonada pela forma como escreve... como tem verdade e sentimento em suas palavras... acompanho faz pouco tempo seu blog, mas pelo pouco tempo já adoro de coração!
Parabéns...
Ano novo não merece planos, merece que entramos nele de corpo e alma para viver um dia apos o outro com muito entusiasmo.
Feliz Natal para ti... e otimo final e principio de ano!
Catarine
Catarine, muito obrigado pelo carinho e pela torcida. Um grande ano pra você também. beijão, sérgio
De uma passadinha lá no meu blog, pessoas inteligentes como vc são sempre bem vindas, não esqueça de comentar, (por favor), os textos são legais, se gostar ... Me linka! Bjos Giovana Capixaba.
Oi, Giovana, pode deixar, vou visitar seu blog, sim. Com certeza. Abração,.sérgio
Pena, achei que a resolução de Ano Novo fosse: vou publicar um post por dia. Um bom dia da ilusão deve ser bom. Mas um post diário do Roveri, talvez seja melhor ainda.
abraço,
Aimar
Aimar, meu querido. Um post por dia até que não seria má idéia! Posso pensar um pouco no assunto? Um grande abraço, queridão. Roveri
Grande Massa, bom fim de ano, tudo de bom pra valer, se cuida véio, e a gente vai se ver
Beijão
Sérgio, coincidentemente (ou não?) estava lendo o seu blog desta mesma época do Ano passado. Achei-o mais melancólico, ou seria mais reflexivo? POr favor, cara... pessimista Jamais! Abs, Feliz 2009!
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