Na semana passada eu entrevistei a atriz Isabel Teixeira para a matéria de estréia do espetáculo Rainhas, em cartaz no Sesc Paulista com ótima direção de Cibele Forjaz. Isabel, como Mary Stuart, a rainha católica da Escócia, divide o palco – ou talvez fosse melhor dizer a rinha – com Georgete Fadel, que dá vida a Elizabeth I, a rainha virgem e protestante que fez da sua Inglaterra a grande potência do século 16. Não se trata apenas do embate entre duas grandes monarcas separadas por ideologias políticas e crença religiosa. Acima de tudo, e para deleite do público momentaneamente convertido em súditos, o que está em questão é o duelo sem vencedora de duas estupendas atrizes, em uma encenação enérgica e visceral. Então hoje, segunda-feira, decido ligar para Isabel e cumprimentá-la pela sua performance magistral. “Por que você não me procurou no fim do espetáculo?”, ela me perguntou.
Respondi que depois de duas horas em cena, talvez elas não tivessem disposição para conversar com ninguém. Então ela me confessou que realmente sai acabada daquela arena e que precisa de muito tempo para conseguir relaxar. “Somente quando já estou voltando para casa, de ônibus, as coisas vão se assentando na minha cabeça”, ela acrescentou. E então eu pensei como o teatro é mesmo maravilhoso: depois de ser rainha por duas horas e disputar de maneira sangrenta a coroa da Inglaterra, França e Escócia, Mary Stuart volta para casa de ônibus. Em que outro lugar do mundo a monarquia é tão deliciosamente plebéia?
segunda-feira, novembro 10, 2008
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