segunda-feira, dezembro 17, 2007

A temporada termina. Mas a emoção permanece.


O crítico de teatro do Caderno 2 e agora também responsável pelo Núcleo de Dramaturgia da Tevê Cultura, Jefferson Del Rios, esteve domingo no teatro Renaissance, para ver a última apresentação da peça Andaime, texto de minha autoria com direção do Elias Andreato. Ter um crítico na platéia, ainda que ele não tenha construído sua reputação em cima de polêmicas infundadas e falsas bravatas, como é o caso do Jefferson, nunca chega a ser confortável para o autor. E imagino que também não o seja para os atores, diretores, técnicos, bilheteiros, ninguém. Afinal, o crítico, por mais que seja um entusiasta do exercício teatral, representa, depois do fracasso de bilheteria, o maior medo de quem faz teatro.

Pois o Jefferson foi e sentou-se ao meu lado. Na minha frente, um amigo querido, autor, tradutor e diretor de reconhecido talento, o Aimar Labaki, alguém que também exerceu brilhantemente a crítica por um bom tempo e talvez entenda com propriedade o que estou dizendo agora. Bom, Jefferson do lado, Aimar na frente, o estupendo Paschoal da Conceição na segunda fila e, não bastasse tudo isso, a emoção do último dia. Confesso que pensei em não ver o espetáculo. Fiquei, e com justo motivo, com medo dos três. Talvez não fosse medo, quem sabe aquele desejo, resquício da infância, de tentar agradar aqueles a quem respeitamos. Mas vi a peça, ri novamente com o talento invejável dos atores Claudinho Fontana e Cássio Scapin e, ao final, ouvi palavras de carinho e extrema generosidade vindas tanto do Paschoal, quanto do Aimar e do Jefferson - uma espécie de presente de Natal antecipado.

E hoje, segunda-feira à tarde, recebo um e-mail do Jefferson Del Rios que tomo a liberdade de reproduzir abaixo. Queria guardá-lo na minha pastinha de itens importantes, mas como ele foi escrito para ser postado neste espaço, como atesta o pedido que o Jefferson faz à jornalista Fernandinha Teixeira, resolvi acatar. Até porque o Jefferson faz comentários sobre as pessoas tão queridas que dividiram comigo todo o prazer que esta peça me deu.

Meu muito obrigado ao Jefferson, ao Aimar e ao Paschoal, que transformaram em alegria e emoção o medo e o susto de ter na platéia, num mesmo dia, este trio de pesos pesados.

Fernanda.
Escrevi o texto abaixo no blog do Sérgio Roveri, mas não sei se remeti corretamente. Peço-lhe, então, a gentileza de repassar a todos.
beijo natalino
Jefferson



Sérgio:
Voce me comoveu com sua peça Andaime, tão diferente da também muito boa O Encontro das Águas. Conseguiu inovar o humor trazendo para ele o traço do real da metrópole, saindo da alcova óbvia dos adultérios para a selva das cidades, para o cotidiano das vidas ásperas. Seu teatro tem ritmo para o humor e nele cabe um tom reflexivo hoje escasso na dramaturgia ("pobre abaixa a cabeça mesmo quando está em cima...")O elenco é um fino dueto de talentos complementares. Um dos atores recentemente disse ao "Estado" - numa bravata impensada - "quem se importa com a critica?".Não sei quem se importa. Aliás,o ùnico que teve peito de não se importar - na prática - foi Sartre, que recusou o Nobel, o maior prêmio do Ocidente e que inclui uma fortuna em dinheiro. Sartre, apesar de famoso não era rico.Mas eu, o desimportante critico, eu me importei com o trabalho deste ator que não gosta de nós. Parabéns, cara. Você é bom e tem um colega ao seu nível. Enfim, Cássio Scapin, Cláudio Fontana, Elias Andreato (direçao),Gabriel Vilella (cenário), e você - Sérgio Roveri (autor), vocês me fazem inventar frase original: terminam o ano comn "chave de ouro".
Jefferson Del Rios

Um comentário:

Anônimo disse...

Roveri querido,
Eu é que agradeço pelo carinho e generosidade. E pelo ótimo texto que resultou nesse espetáculo que, como disse Jefferson, na frase original que inventou, me permitiu "terminar (o ano teatral) com chave de ouro".
abraço forte,
Aimar